Trabalhando num local onde passam centenas, milhares de pessoas por mim, todos os dias, é natural que uma ou outra capte a minha atenção. Dizem os meus colegas de trabalho que eu não dou muita bandeira, e eu tento que assim seja. Mas hoje, ao fim de quase três anos a trabalhar, deve ter sido a vez em que mais perto estive de perder a compostura, a vergonha, e hum, o emprego (esta última parte é apenas uma suposição).
Estando a trabalhar com a A, junto à nossa banca estava um senhor,dos seus quarenta/cinquenta anos, polo verde e cabelos cinzentos. Digo eu à A, pessoa que mais conhece as minhas preferências e sabe de todas as (des)venturas da minha vida amorosa:
" - Aquele senhor é mesmo giro..."
" - Foi no nosso cruzeiro às X horas..."
Quando eu digo "mesmo giro" não é "giro" tipo, David Beckham. É giro, do tipo giro que vocês vêem na fila do supermercado e comem com os olhos até ser a vossa vez de pousar as compras no tapete.
Ao contrário da maioria dos turistas que não fica no mesmo sítio por mais de dois minutos, o homem continuava a circular pela zona da nossa banca, e eu, juro que nem sequer estava a tentar disfarçar, estava a comer o homem, com estes cinco olhinhos que a terra há-de comer.
" - Por amor de Deus descola, que estás a dar muita bandeira..." - dizia-me a A, já mais séria do que a rir, por que estava a ver o caso mal parado.
Mas eu não conseguia, o homem não saia do meu campo de visão e, quando saia, lá ia eu procura-lo, para logo depois o ver a fazer outra coisa qualquer. Cheguei ao cúmulo de ficar triste por não o ver mais, para logo depois o encontrar de casaco vestido.
Encontrando-se a poucos metros da nossa banca, e olhando incessantemente para nós, digo eu à A já a ficar de todas as cores, vermelho, azul, e verde, verde no final, por que eu sou do Sporting:
" - Diz-me que ele não é Português e não percebeu nada do que eu tenho dito até agora, que vergonha...."
Para minha sorte ele não era Português. Para minha sorte também, calhou de A ter saído mais cedo e eu ter ficado sozinho a atender clientes e, pouco depois, ter deixado de ver o homem.
Por que, se ela lá tivesse ficado, eu talvez tivesse perdido a vergonha e tivesse interpelado o homem.
Talvez tivesse perdido a noção de que estava lá a trabalhar e tivesse deixado tudo pela oportunidade de lhe dizer um "olá". É mais um arrependimento para juntar à lista.
Só não sei é o que lhe teria dito. Provavelmente teria congelado.
Vai na volta, perdeste a tua oportunidade de ser feliz, ou não lolololol
ResponderEliminarOh, espero que não seja o caso :(
EliminarAh ah ah, 5 olhinhos? Mas és algum ET? :-p
ResponderEliminarUm bocadinho...
Eliminarespero que o tempo melhore pq dentro de 2 semanas sou eu que vou num cruzeiro no Douro. E é bom que o dinheiro seja bem empregue.
ResponderEliminarEspero que seja com a minha companhia oh :p
EliminarVou no Barcadouro mas conhecendo a tua tendência para quarentões grisalhos de 1,90m até tenho medo.
EliminarHey até parece -.-'
EliminarDiverte-te ;)
Ainda bem que hoje só trabalhos com guris de no máximo 10 anos de idade. Assim rola aquele sentimento paternal no máximo também.
ResponderEliminarComigo nem esse sentimento rolaria, não gosto de crianças.
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