Sabem o que me faz confusão no meu emprego? Como é que uma coisa tão simples como vender bilhetes se consegue tornar numa verdadeira roda-viva do jogo do empurra. Acreditem, eu nunca me dei ao trabalho de contar quantos buracos tenho no meu corpo, mas devem ser muitos, para me foderem tanto. Plus, os Domingos, por razões que a própria razão desconhece, deixam-me muito em baixo.
E, pode ser cliché, mas se há coisa que eu disse muito hoje, é que, "há coisas que o dinheiro não paga" e uma delas é a saúde. A minha ou de quem quer que seja. Pode tratar-vos da saúde, mas o problema adquirido, uma vez convosco, não vos larga.
Eu sabia, desde há um ano para cá que não me iria ver livre da filha-da-putice dos ataques de ansiedade e que ultimamente as pessoas (colegas de trabalho, entenda-se) estavam a fazer o seu melhor para que os dias corressem mal uns a seguir aos outros.
Sei que, já ao final da manhã, depois de muita merda corrida (e ainda por correr) ao ligar-me, me diz a A, ao perceber que já nem me ouvia falar:
" - Perdeste a voz outra vez? Estás nervoso não estás?"
Perguntarem a uma pessoa nervosa se está nervosa, é a mesma coisa que perguntarem a alguém que sabem que está zangado convosco, se está zangado. Quer dizer, é preciso perguntar para saber a resposta?
Sei que quando o J chegou à minha beira para eu ir almoçar, já vinha com a mesma pergunta na ponta da língua. Sei também que a melhor coisa que fiz foi pousar as minhas coisas para me fecharem as contas, descer até à cava e meter a cabeça no meio das pernas. Pronto. Ninguém viu.
Não sei o que me fez chorar mais, continuar a percepcionar de dia para a dia a merda de ambiente de trabalho que tenho ou o fato de não poder matar ninguém ser ir preso. Mas pronto, agora a minha vida está no segundo lugar na lista de "coisas que me fazem chorar" . O primeiro lugar é obviamente de "Les Misérables" mas vão por mim, isto ainda vai dar uma volta.
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