Eu e os meus pais nunca fomos de falar muito sobre as coisas normais. Nunca calhou. E eles são pessoas muito "terra-a-terra". Não que seja algo necessariamente mau, dá uma margem de manobra que não se tem quando estámos perante o síndrome de pais galinha. Com essa manobra eu já fiz (e faço) muita coisa. Fazer as coisas sem consentimento alheio pode ser um prazer duplicado, ou um perigo redobrado. No entanto, corro os riscos e feliz ou infelizmente os meus pais de nada sabem. Não que seja necessário esconder as coisas. Apenas sigo a máxima que já ouvi algumas vezes de que "o que eles não sabem não os pode magoar" portanto nesse aspecto os meus pais têm saído beneficiados pois como não sabem de nada também não sofrem com isso.
"Ignorance is bless."
No entanto gostaria, não sei, de ter dessas conversas que se vêm nas telenovelas em que os pais falam com os filhos como se de um semelhante se tratasse. Não há violência, não há superioridade, há simplesmente uma conversa. A tacanhez da mente campestre torna qualquer problema existencial num problema da mais corriqueira vivência ou então numa "coisa de maluco". Mas eu (na maioria das vezes) não me acho maluco, sei esconder a loucura de quem e quando quero. Além do mais, não sei se estarei completamente errado, deve ser preferível para os progenitores de qualquer pessoa, acreditar que esta é puritana e permanece intocável do que acreditar que se tem um(a) filho(a) pior do que as concubinas do Sião. Quando surgirão oportunidades de falar sobre isso? Não sei. Tenho vinte e um anos, não quero esperar até aos trinta, mas sei que em contexto familiar vai ser libertada uma bomba pior do que a que foi lançada durante a segunda guerra mundial.
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