segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Do Encontro


Se existe coisa que prezo numa pessoa é a comunicabilidade da mesma. Não peço que seja nenhum apresentador de programas da manhã que tenha de falar sobre tudo e sobre nada, mas que pelo menos tenha um tema de conversa coerente e, se não o tiver que se interesse por ouvir e que mostre que tal não é feito como uma espécie de obrigação para se ter algo mais do que isso (diga-se sexo).
Quando aparece alguém no meu caminho que consegue ouvir-me e fazer-se ouvir por três horas consecutivas, é um misto de alegria e pena que me preenche.
Alegria por encontrar no meio de tanta estrumeira, por durante três horas não estar a falar com um corpo mas sim com uma pessoa, uma pessoa real que existe para além de uma cama, de uma noite, de umas horas de prazer. Quando digo que sou conquistado pelo intelecto deixando para trás o físico não deixa de ser verdade. O físico foi o menos daquela tarde.
Não digo que ao primeiro contacto não tenha pensado imediatamente que "não, não faz o meu género" mas tentei ao máximo afugentar esse pensamento da minha mente. Quando não se nasce especialmente favorecido pela beleza não se pode esperar que venha alguma espécie de modelo fotográfico cruzar o nosso caminho de forma propositada. Aliás se toda a gente pensase que merecia uma espécie de príncipe eu seria a última escolha visto não ter um dote nem uma beleza fora do vulgar, acho que seria um bom exemplo para aquela anedota:

"era uma princesa tão feia tão feia que quem casava com ela não recebia um dote, recebia uma indeminização."

Quem casar comigo decerto merece receber uma também. Paga por quem? Não sei.

O meu lado práctico queria ficar com ele. Sim, poupava-me muito tempo de procura. Mas a que preço? À custa da felicidade de duas pessoas? Os gestos de que falou não são de alguém que pense levianamente sobre as relações que se estabelecem entre duas pessoas. Se alguém se dispusesse a fazer o mesmo por mim sentir-me-ia decerto como uma espécie de mundo para alguém quando actualmente pareço ser um "ninguém" num mundo que a ninguém pertence.
Uma parte muito inocente de mim há uns tempos faria de tudo para ter alguém fosse qual fosse o sentimento nutrido pela pessoa em questão. Hoje feliz ou infelizmente não me consigo resignar na busca de afecto, não consigo ser comodista, ficar com a primeira pessoa que apareca.

Dei por mim a querer prolongar uma despedida que deveria querer rápida e indolor. E foi-o deveras, não soube a nada. Ainda bem. Se fosse um sabor sentido apenas por um dos lados. Não se combina nada, não se diz nada, simplesmente espera-se que o sentimento de uma tarde bem passada tenha sido reciproco.

E, espera-se que, enquanto não aparece ninguém para preencher o coração, possa existir sempre alguém para preencher a cabeça de coisas que façam rir ao invés daquelas que nos últimos tempos só têm dado para chorar.

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