Desde que me lembro de andar na escola, os professores faziam-nos crer de que o pior ainda estava para vir. Na primária assustavam-nos com o ciclo, no ciclo falavam-nos horrores do secundário, no secundário colocavam a Universidade no lugar cimeiro das dificuldades. Passadas estas etapas todas e olhando para trás, perdoe-se a falta de modéstia, acho que não me saí assim tão mal. Mas continuo a ter uma séria obsessão por coisas grandes [sim, podem fazer trocadilhos badalhocos], escrever muito, ter notas altas, é algo que me atormenta. Acabei a minha licenciatura com uma vergonhosa média de 12,5 e muito sinceramente não percebo muito bem se me deveria ter inscrito no segundo ciclo. Com este medo nem quero perguntar aos meus colegas de curso com que média entraram eles, como pessoa insegura que sou acho que me reduziria ainda mais à minha insignificância se percebesse estar na companhia de verdadeiros crânios [mas mesmo assim a cabeça maior continuará a ser a minha]. Lembro-me de uma professora de Latim que tive [não vou falar da senhora por que senão este post passaria a ser uma sequência de palavras feias] que se recusava a passar alunos com 10 e 11 pois segundo ela aqueles que passassem no primeiro semestre com tais classificações no segundo eram bem capazes de reprovar à cadeira se não começassem a estudar para a frente. Mas agora não irá existir nenhum docente que me diga isso. Os meus 11,12,13,14,15,16 de nada servem para aqui. E se tirar um 12 numa matéria que se detesta é motivo de regozijo tirar-se a mesmo valor em algo que se escolheu por prazer é praticamente uma humilhação.
E tudo isto para culminar numa carreira que nem eu mesmo sei bem qual vai ser. Para não dar aquele ar de pessoa aluada sem qualquer tipo de objectivo diz-se que o futuro será dedicado à investigação. A maioria das pessoas não quer saber o que se irá investigar. Para já contentar-me-ia em investigar o futuro em si mesmo.
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