sábado, 11 de junho de 2016

O Homem Que Me Ia Fazer Perder O Emprego

Trabalhando num local onde passam centenas, milhares de pessoas por mim, todos os dias, é natural que uma ou outra capte a minha atenção. Dizem os meus colegas de trabalho que eu não dou muita bandeira, e eu tento que assim seja. Mas hoje, ao fim de quase três anos a trabalhar, deve ter sido a vez em que mais perto estive de perder a compostura, a vergonha, e hum, o emprego (esta última parte é apenas uma suposição).

Estando a trabalhar com a A, junto à nossa banca estava um senhor,dos seus quarenta/cinquenta anos, polo verde e cabelos cinzentos. Digo eu à A, pessoa que mais conhece as minhas preferências e sabe de todas as (des)venturas da minha vida amorosa:

" - Aquele senhor é mesmo giro..."

" - Foi no nosso cruzeiro às X horas..."

Quando eu digo "mesmo giro" não é "giro" tipo, David Beckham. É giro, do tipo giro que vocês vêem na fila do supermercado e comem com os olhos até ser a vossa vez de pousar as compras no tapete.

Ao contrário da maioria dos turistas que não fica no mesmo sítio por mais de dois minutos, o homem continuava a circular pela zona da nossa banca, e eu, juro que nem sequer estava a tentar disfarçar, estava a comer o homem, com estes cinco olhinhos que a terra há-de comer.

" - Por amor de Deus descola, que estás a dar muita bandeira..." - dizia-me a A, já mais séria do que a rir, por que estava a ver o caso mal parado.

Mas eu não conseguia, o homem não saia do meu campo de visão e, quando saia, lá ia eu procura-lo, para logo depois o ver a fazer outra coisa qualquer. Cheguei ao cúmulo de ficar triste por não o ver mais, para logo depois o encontrar de casaco vestido.

Encontrando-se a poucos metros da nossa banca, e olhando incessantemente para nós, digo eu à A já a ficar de todas as cores, vermelho, azul, e verde, verde no final, por que eu sou do Sporting:

" - Diz-me que ele não é Português e não percebeu nada do que eu tenho dito até agora, que vergonha...."

Para minha sorte ele não era Português.  Para minha sorte também, calhou de A ter saído mais cedo e eu ter ficado sozinho a atender clientes e, pouco depois, ter deixado de ver o homem.

Por que, se ela lá tivesse ficado, eu talvez tivesse perdido a vergonha e tivesse interpelado o homem. 

Talvez tivesse perdido a noção de que estava lá a trabalhar e tivesse deixado tudo pela oportunidade de lhe dizer um "olá". É mais um arrependimento para juntar à lista.

Só não sei é o que lhe teria dito. Provavelmente teria congelado.


10 comentários:

  1. Vai na volta, perdeste a tua oportunidade de ser feliz, ou não lolololol

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  2. espero que o tempo melhore pq dentro de 2 semanas sou eu que vou num cruzeiro no Douro. E é bom que o dinheiro seja bem empregue.

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    1. Espero que seja com a minha companhia oh :p

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    2. Vou no Barcadouro mas conhecendo a tua tendência para quarentões grisalhos de 1,90m até tenho medo.

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    3. Hey até parece -.-'
      Diverte-te ;)

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  3. Ainda bem que hoje só trabalhos com guris de no máximo 10 anos de idade. Assim rola aquele sentimento paternal no máximo também.

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    1. Comigo nem esse sentimento rolaria, não gosto de crianças.

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