domingo, 31 de julho de 2016

Saudades Da Dor

Estes dias depois do encontro com o J têm-me dado cabo dos nervos. Claro que só nós sabemos o que nos vai cá dentro, mas às vezes pergunto-me se estará mesmo tudo bem cá dentro.
Com a confusão do acidente e consequente ferida, acabei por não ter aquilo de que mais precisava:
pancada.

" - É por que deves ter levado pouco em pequenino.
- Há pessoas que fazem queixas na polícia por apanharem tareia e tu vais andar a pedir que te te dêem tareia?"

São duas das perguntas que me andam a consumir. Mas é mesmo disso que eu sinto falta. Desta vez não estou a falar da pessoa (que por acaso é cinco estrelas) ou dos meus sentimos para com ela (que estão bem delineados). Não da violência gratuita mas de saber que é uma violência sem culpa, sem o propósito de castigar a pessoa que eu sou mas o corpo que nada representa para mim.

Mas é na mente que me está a doer mesmo. A (re)moer.

Para me calar antes de me ir embora, já vestido, levei três vergastadas de cinto. Acho que nunca tinha levado vergastadas cá em casa. Há uma primeira vez para tudo.

Mas fica a ideia de que eu mereço mais, de que poderia ter sido uma tarde e tanto se as coisas não tivessem corrido para o torto.

Hoje, ao ver-me tão em baixo, a A perguntou-me o que se passava. Até a ela precisei de uns quantos minutos (muitos) para contar o que me ia (vai) cá dentro, não fosse ela rir-se na minha cara e chamar a ambulância.

" - Não podes arranjar outra pessoa que te faça isso?"

Poder podia. Mas onde?

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