"Viver Depois De Ti", A Tomada De Decisões Por Terceiros, Os Problemas (In)Visíveis E Opiniões Alheias

AVISO: CONTÉM SPOILERS MÍNIMOS. POR QUESTÕES DE POUPANÇA DE TEMPO OPTEI POR NÃO EXPLICAR A SINOPSE COMPLETA QUE PODE SER CONSULTADA AQUI.

Este há-de ter sido um dos livros (senão o mais) piroso que li. E um dos mais difíceis na hora de tomar partidos.

Claro que qualquer pessoa com um mínimo de sentimentalismo desejaria um final feliz para Louisa. Mas quantas dessas pessoas encontrariam numa cara-metade a saída de uma vida cheia de privações? 

Louisa está cheia de boas intenções (e já dizia o ditado que delas está o Inferno cheio) assim como estão todas as pessoas que dão opiniões sobre as nossas vidas. Opiniões essas que nós não pedimos. Intenções essas que Will não pediu nem se sente na obrigação de realizar.

" Porque eu acredito que serias mais feliz se fizesses o que eu quero que faças."

É esta a convicção nada camuflada que Louisa tem quanto às suas ideias. E não a têm todas as pessoas que dão palpites sobre as nossas vidas, vendo-as de fora e achando que é o seu olhar de 50% do problema que irá resolvê-lo?

Há um enorme desejo de "tapar o sol com a peneira", sol esse que para além de não brilhar, não nasce para todos. E de se colocar nos sapatos de alguém que só usa botas.

Mais do que tratar de eutanásia, o que me marcou mais na leitura do livro foi mesmo a deturpada tomada de posição de alguém que nunca (hipoteticamente falando) se iria encontrar em tal. Assim como 

as opiniões de fora da nossa vida virão sempre de pessoas que nunca a irão viver. E que, por cada problema visível para o qual é ofertada uma resolução, existe um outro invisível (ou não) aos olhos de quem vê, e que muita pouca gente se dá ao trabalho de percepcionar.

PS: Não mais ler livros pirosos. Uma pessoa acaba por escrever cada coisa...