terça-feira, 20 de junho de 2017

Trabalhos Da Universidade Ou Obras Demoníacas


Embora já tenha terminado a minha licenciatura há uns anos, hoje vi esta imagem pelo Facebook e não acabei o meu almoço sem a mostrar a toda a gente que estava na sala, era demasiado "reliable" para que a deixasse passar em branco.

Vindo de um curso ligado, maioritariamente, a literatura, tinha disciplinas de abstracção quase pura, e outras, em que, pão era pão e queijo era queijo.

 Lembro-me de um trabalho de História da Língua em que tive de reler um trecho de Galego-Português vezes e vezes sem conta à procura de ocorrências da dita língua. Vomitei, literalmente.

Lembro-me de me ter aventurado a fazer um trabalho sobre "as influências da música medieval na música dos dias de hoje" para Literatura Portuguesa Medieval, em que, após a recepção de uns artigos da docente acabei por mudar, pura e simplesmente, o meu trabalho todo.

Depois, tenho as lembranças de trabalhos que me fizeram rir.

Fazer uma análise de poemas de João Cabral de Melo Neto para Literatura Brasileira e escolher três poemas sobre cemitérios.

Primeiro ano da docente a leccionar História do Teatro Português. Para o trabalho de final de semestre, tínhamos de fazer o relatório de uma peça de teatro à nossa escolha. Envia-nos um plano de execução para o qual ninguém olhou até à altura de se fazer o relatório. Tinha mais de trinta páginas. Eu e a M, a chorar em conjunto no antigo Messenger enquanto fazíamos aquele trabalho do demónio e dizíamos mal das nossas vidas.  Tirei 18.

Lembro-me de ter entregue o meu trabalho de Ficção Medieval sobre, "A profecia no reinado do Rei Artur"  (vocês não iriam encontrar pessoa com ideias mais bizarras do que eu no que toca a trabalhos) no início do exame. Ao sair da sala, pergunta-me a docente (a mesma de Literatura Portuguesa Medieval):

" - Não quer fazer uns melhoramentos no seu trabalho?"

Vindo dela, acreditava que esses melhoramentos fariam a diferença entre tirar positiva ou negativa no dito trabalho. Isto era numa Sexta, no fim de semana tinha o relatório de História do Teatro para fazer, ou seja, estava com a corda ao pescoço. Mas não lhe disse "não" . Tirei 16 valores e meia dúzia de pessoas perguntou-me como é que ela me tinha dado uma nota acima de 15.

Mas para mim acabar um trabalho era como parir um filho, uma vez cá fora não o queria voltar a meter dentro da cabeça. E tive de o fazer algumas vezes, com muita pena minha.
Mas às vezes sinto saudades.

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