sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O Encontro Com Mais Suspense De Sempre


" - Os meus nervos, os meus pobres nervos" - dizia Miss Bennet em "Orgulho e Preconceito" . Hoje à tarde também eu o disse mentalmente umas quantas de vezes depois de o H me deixar.



O meu fascínio por homens mais velhos nunca foi segredo para ninguém (só para os meus pais penso eu). No entanto nunca tive algo verdadeiramente excitante com nenhum. Tirando, talvez a minha ida a casa de um para que me desse um livro, livro esse que não encontrou. E, finda a procura do livro, não houve nada para ninguém e cada um foi à sua vida.

Assim sendo, muitos anos volvidos e muita gente volvida também, meti conversa com o H. Podia dizer que ele tem idade para ser meu pai, e, se o dissesse a verdade seria mesmo essa, por que tem a idade dos meus pais e está mais bem conservado do que os dois juntos.

Tendo estado em muitos primeiros encontros quase às cegas, sei que ver uma pessoa numa foto e vê-la ao vivo são duas experiências completamente diferentes. Umas para melhor, outras para pior. No caso dele, para melhor, bem melhor!

Estando à minha espera em frente ao terminal rodoviário, dirijo-me a medo a um homem grisalho, de óculos e brinco na orelha. Era ele.
Primeira impressão? Boa, muito boa.


Por acaso a coisa correu bem, mas, se não tivesse sido o caso, ao menos o almoço teria sido o melhor que comi num encontro. Uns bifinhos com cogumelos e molho de cerveja acompanhados de batatas fritas que quase me esqueci do que queria verdadeiramente comer naquela tarde.


Na verdade, durante o almoço, acho que falamos de tudo menos do que fomos ali fazer. Quanto mais falávamos mais eu me apercebia de duas coisas:

1) Que o homem era demasiado engraçado para que uma pessoa não pudesse não gostar dele.
2) Que ao(s) rumo(s) que a conversa tinha levado, nenhum dele(s) apontava para que eu levasse alguma coisa dali naquela tarde. O que era grave, pois ele já manifestara o seu desejo de me pôr a mão em cima e eu, bicha desesperada de atenção, não me importava nada, depois de ver o que tinha à minha frente, que ele me pusesse a mão em cima.

E pôs mesmo.




Tendo ele de ir trabalhar, e ficando o seu emprego num local que me permitia apanhar o metro para me ir embora, acedi a mais uma boleia sua. Já a meio caminho começa-me a passar a mão na perna e naquela zona "cujo nome não deve ser pronunciado" e, acho que os meus "Não faças isso" eram os "Não faças isso" mais falsos da história das desculpas esfarrapadas. Por que a cada esfregadela que o homem me dava eu me enterrava mais no banco, prestes a derreter-me e a fundir-me com os estofos do dito. Só não fazia mais nada por que se fizesse o que queria, era capaz de ter acabado com a vida dos dois ao fazê-lo embater em alguma árvore. Até que chegámos ao destino dele e lá pensei eu, pobre criança inocente no carro do predador:

" - Bem, aqui em frente ao seu local de trabalho o homem não vai tentar nada..."

Convite para ir a casa dele, pena por não puder ser já amanhã e quando eu já ia para levar a mão ao puxador, qual momento Hollywoodesco, diz-me ele:

" - Ah, e antes que me esqueça......."

E pumba. Espeta-me um beijo que só não me apanhou mais de surpresa por estar à espera dele há quase duas horas.


Se pensava que estava em terreno perigoso para fazer tal coisa, não se parecia importar. Continuou e eu, já mentalizado de que não me podia afundar mais no banco, só me limitava a tentar leva-lo comigo. Durou um tempo inimaginável mas acabou tão depressa como começou.

" - O resto só em minha casa." - avisava-me ele a sair do carro enquanto eu repetia:

" - Não se faz isto a uma pessoa, não se faz..."

Mas ele fez. E estou tentado a aceder ao seu pedido para que ele possa fazer o resto.


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