terça-feira, 14 de novembro de 2017

O Mestre Não Ensina Todas As Lições

Embora não me foda todas as santas semanas mantenho um contacto mais ou menos regular com o J. Não que as nossas conversas se centrem em grandes temas da actualidade mas volta e meia lá damos duas de letra. Quando vi a minha saúde a andar para trás e foi marcada a minha colonoscopia achei por bem dizer-lhe algo. Não por que tenha um mau pressentimento mas por não saber até quando irei ficar impossibilitado de lhe dar aquilo que ele pede (não que ele peça, ele come e pronto) de cada vez que nos encontrámos. Por que, convenhamos, eu estar com ele sem lhe poder dar o que a gente já sabe, é quase como pagar às meninas andar aos abraços.

Eu não quero que o homem se preocupe comigo. Não quero que o homem me pergunte se estou melhor de cada vez que iniciamos uma conversa. Se isso faz dele uma boa pessoa aos olhos de alguém minimamente civilizado? Sim. Se eu sei que ele é minimamente (até bem mais do que isso) civilizado? Sei pois.

Mas não é para isto que pago trinta euros por duas horas. Pago para andar consolado meia dúzia de dias, não falar com ele durante uns tempos até quase me esquecer da sua existência para depois me lembrar quando a vontade voltar.

Desde cedo me disse que não procurava relacionamento, que não queria nada sério. E é isso que tem acontecido, e tem corrido às mil maravilhas.

Ele consegue separar as coisas melhor do que eu. Eu sei que se me for dado um pouco mais de corda me irei derreter pelo beiço e tentar fazer merda. E culpá-lo-ei quando ele não aceder aos meus pedidos para tentar fazê-la comigo.

"eu não estou apaixonado por ti
não te amo
não me imagino sequer a namorar-te
por isso, se é esse o problema, está sossegado
mas sou um tipo muito indecente, dentro da minha decência social
e quando quero saber se estás bem, é só por isso
cá dentro, quero é que melhores para te poder foder "

Acredito que estas palavras lidas a seco poderão dar uma ideia muito errada da pessoa que ele é. Mas para mim, que penso conhece-lo minimamente bem, foram um alívio. Mas enquanto estou aliviado a seu respeito, no que toca a mim, não posso estar tão certo. Por que eu sei que, a partir do momento em que me puser a magicar cenários idílicos dentro da minha cabeça irá tudo por água abaixo. Sou um cão de apartamento, um pinchão que precisa de muito pouca trela para ficar contente.

E não quero imaginar que seja ele que a esteja a segurar atrás de mim.

4 comentários:

  1. Tens de vir a Lisboa/Amadora :) e levas tratamento completo

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  2. Morri com o comentário do Francisco. (risos) Mas agora a sério, rapaz, cuida-te. Não se brinca com a saúde.

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    1. Por mim eu brincava com outras coisas como deves calcular :(

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