quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Coisas Para Partir

Lembro-me de no sétimo, oitavo ano, os meus colegas terem uma brincadeira parva que consistia em agarrar as pessoas por trás, colocar os braços em volta do outro e fazer força. Fizeram-me isso uma vez. Lembro-me de que se ouviu um estalar de ossos e que o colega que me fez a partida da moda recuou pálido de medo, receoso de me ter partido alguma coisa. Não me tinha doído nada. Recordo-me do olhar assustado que ele manteve durante um ou dois minutos, e mesmo após lhe assegurar que estava bem creio que não ficou muito convencido.

Avancem uns anos na história. Tenham uma cama como cenário de fundo, mas agora quem me toca fá-lo com o meu consentimento. O toque consentido causa muito mais estragos do que a brincadeira infantil de há uns anos atrás. As pessoas ainda se continuam a assustar com o resultado dos seus toques. Ainda se afastam e perguntam se estou bem, com medo de terem partido alguma coisa na minha pessoa.

Quando tudo se resumia a uma brincadeira de crianças o máximo que me podiam partir era um ou dois ossos. Era tudo mais fácil.

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