Há sempre alturas em que podemos começar tudo de novo, ser quem quisermos, ser quem querem que sejamos. Há bem pouco tempo esta ideia alegrava- me particularmente. Não tenho boas memórias dos locais por onde passei e, tento sempre dentro do possível, não as levar para onde vou e, se estiver particularmente expectante, tentar não recolher mais más recordações para a prateleira. Porém, assim como uma pessoa de idade se mostra relutante á mudança e diz: «já estou velho para isso» também eu sinto o mesmo. Há pessoas que são jovens em corpos de velhos ou vice versa. Fora de gabarolices e demonstrações vãs de vivências que noutro caso não seriam minhas, sou uma dessas pessoas. Assim como em criança deixei de acreditar no Pai Natal, nos monstros do armário e por aí fora, agora acredito que não possível começar tudo de novo. Simplesmente não existe um botão Reset para começar de novo e, por muito que se possa deitar para trás das costas tudo o que já se viveu, isso continuará onde foi deixado: para trás das costas. E, se se há algo que nos impede de avançarmos no nosso futuro, é o nosso passado. Não porque precisemos dele nos dias que virão, mas sim porque sabemos o que se passou e, a tentar repetir ou evitar tais acontecimentos acontecem coisas que não esperámos.
Poderia deixar as coisas fluir simplesmente. Mas, tenho a mania de tentar controlar a minha vida. Já devia ter percebido que tal é impossível, pois quando nem de nós próprios temos o controlo, o que dizer de algo que nos transcende em tudo o que somos?
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