sábado, 26 de novembro de 2011

Ainda Sobre O Caso Carlos Martins

Só há alguns dias fiquei a saber de toda a curiosidade gerada à volta do problema do filho do jogador e da mobilização popular que daí resultou. Televisão, jornais, redes sociais, acabei por ver o caso em todos eles de um dia para o outro. Acho legitimo um pai querer ajudar um filho e, se o pai é famoso e tem possibilidade de usar todos os meios (sendo que muitos deles não podem ser usados pelas "pessoas normais" ) que o faça pois é para o bem do filho. Algumas pessoas que leram as minhas palavras divulgadas nas redes sociais tomaram-nas como uma crítica ao facto de o jogador estar a ser ajudado ao invés de outras pessoas com o mesmo problema. Não é aí que a meu ver reside o problema. O problema reside sobretudo na mente oportunista, interesseira e incoerente de muitas pessoas que agora se julgam uma espécie de messias que têm de passar a palavra. Não vejo nada contra, mas acima de tudo as pessoas deviam prezar pela COERÊNCIA:

"Vamos todos ajudar o Gustavo" dizem elas. Esquecem-se de acrescentar: "Vamos todos ajudar o Gustavo... porque ele é filho do jogador x" .

Claro que ninguém irá dizer "Ah eu não vou ajudar só por ser o filho do jogador x" mas aposto a minha mão direita (sou esquerdino, posso escrever na mesma) que a maioria das pessoas se tivesse o vizinho a precisar de um dador não levantava o seu realíssimo do sofá para ir ao hospital enquanto que por um desconhecido famoso lá vão elas fazer uma mobilização.

"Ah não podes pensar assim, pensa que mesmo que não sirva para o filho dele pode servir para outras pessoas..." Não contesto, mas não é isso que me incomoda. O que incomoda é ver algumas almas a tentarem recrutar pessoal para o hospital quando elas próprias depois de lá meterem os pés, nunca mais lá vão. Poucas serão as que o irão fazer posteriormente. Sim, ajuda-se uma criança,. não é uma causa totalmente perdida. Mas incomoda-me.
Incomoda-me esta falsa solidariedade, este cínico sentido de cidadania.

Há algum tempo Cavaco Silva disse: "Eu sou mais honesto..." e logo vi num blogue um comentário pertinente: As pessoas não são mais ou menos honestas. ou se é honesto ou não se é.
Ser-se solidário é como ser-se honesto. As pessoas solidárias não o são só com o filho do jogador da bola que apareceu na televisão. As pessoas solidárias não precisam de fazer dos seus actos um Big Brother. Nestas alturas sinto-me feliz por ser uma pessoa de merda em certos aspectos. Merdoso, mas coerente.

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