quarta-feira, 24 de abril de 2013

Amizades Espalhadas

Uma das coisas que mais lamento é não ter tido a possibilidade de estudar com o mesmo grupo ao longo dos anos. Vivendo numa aldeia pequena, o grupo de pessoas com quem frequentei o infantário fez também parte da minha turma na primária. Chegada a altura de seguirmos para o quinto ano, os mais aventureiros iam estudar para o Porto, os restantes dvidiram-se pelas três escolas mais próximas. Tendo frequentado a escola para onde foi a maioria dos meus colegas, tive a sorte de ficar com três deles na mesma turma, enquanto que os restantes eram divididos em grupos de dois ou até mesmo sozinhos em turmas onde já todos se conheciam. Duas dessas pessoas foram, durante os cinco anos do ciclo, indispensáveis na minha vida, ainda hoje é o dia que acho difícil encontrar alguém que tenha sido tão minha amiga como a A, que aturou muitas asneiras minhas e por quem cheguei a ter uma paixoneta que rapidamente me passou.

No secundário optei por uma escola que mais ninguém quis, tínhamos realizado uma visita de estudo na altura a uma escola profissional e decidi ficar por lá, até por que não me conseguia imaginar a frequentar o secundário pelo ensino normal. Tive a sorte [ou azar, dependendo da época a que me referir] de encontrar na minha turma um rapaz da minha antiga escola, alguém que conhecia de vista mas com quem nunca tinha trocado uma simples palavra. Foi no secundário que apanhei das maiores desilusões em termos de relacionamentos interpessoais, numa turma onde era cada um por si os melhores momentos eram mesmo as gravações dos nossos vídeos para as festas da escola, todos nos riamos e divertiamo-nos a encenar aqueles textos escritos nas aulas sobre o quão disfuncional era aquela escola. Foram três anos em que no final já não conseguia olhar para a cara de certas pessoas [nem elas para mim]. A ideia de que as escolas profissionais são como uma família não deixa de ser verdadeira, mas como qualquer família, chega uma altura em que as coisas descarrilam, e aqueles três anos foram um constante descarrilar de carris. Como o intuito de 99% dos alunos que frequenta este tipo de escolas não é frequentar o ensino superior, o apoio que tive nesta matéria foi quase nulo e entrei no ensino superior quase às cegas.

Se é verdade que é no ensino superior que se fazem as amizades para a vida? Quero acreditar que sim, encontrei pessoas fantásticas lá, fantásticas em todos os aspectos, assim como encontrei muita gente que de superior não tinha nada, foi daquelas surpresas desagradáveis da vida, fazer o quê?

E com isto tudo tenho as minhas "amizades" aos caídos, espalhadas pelos quatro cantos.


1 comentário:

  1. A minha história é basicamente esta: da primária ao básico a minha turma foi sempre a mesma! SEMPRE. Havia um ou outro que ficava para trás ou ia para outra turma mas no geral a turma não se separou. Incrível! Fiz algumas amizades. No 9º ano tinha um grupo considerável de amigas muito simpáticas. No secundário, decidi ir para Humanidades. Durante os três anos de secundário fiquei com duas amigas apenas. Alguns rapazes que foram sempre da minha turma lá continuavam. Nunca me dei muito bem com os rapazes. Eram, para mim, uma espécie estranha e pouco falava com eles. O resto das minhas amigas foram todas para Científicos e, devido aos horários, quase nunca nos viamos na escola.
    Chega a altura de ir para o ensino superior. Todas as minhas amigas que entretanto mantive e fiz do 10º ao 12º foram para Coimbra e uma apenas ficou na minha cidade numa das escolas superiores. Eu tive de ficar mais um ano a fazer Filosofia e aproveitei e fiz melhoria dos exames nacionais. Desde esse ano que as nossas vidas se afastaram por completo. As poucas saídas que tinhamos em conjunto eram extremamente estranhas e agora o contacto é nenhum! Com nenhuma delas. Nem eu falo, nem elas falam. Por muitos motivos tive de ficar a estudar na minha cidade mas fui para outra escola superior diferente da tal amiga que tinha ficado cá. Confesso que apenas tenho uma amiga. Conheço os meus colegas de curso, sei os nomes da maior parte mas não tenho confiança, não existem laços de amizade. Só com a Ana. É uma boa rapariga. No meu primeiro ano, basicamente as minhas duas companhias, era o meu ex-namorado e a Ana. No segundo ano (o ano passado) meti-me de cabeça em Londres e fui para lá viver uma temporada. Perdi um ano. Fiquei outra vez no segundo e a minha turma era totalmente diferente e senti-me caída de pára-quedas ali. Dou-me bem com duas raparigas de lá que é com quem eu costumo falar mais porque a Ana está no 3º ano e não tenho horários compatíveis (só nos vemos em cadeiras que ela tem atraso do 2ºano em que está comigo na sala). Elas já são mais velhas que eu e uma até já é casada. Agora, o meu namorado actual já é licenciado para também é a minha grande companhia, um grande amigo também. Pronto, basicamente é esta a minha história.

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