Enquanto Há Vida, Há Esperança (E Tesão Também)

As coisas estavam muito animadas hoje. Até ia de manhã na camioneta a ouvir o novo álbum de Delain ("Moonbathers") e a pensar:

" - Logan Manuel nem devias ouvir este álbum num dia assim, por que este álbum está muito bom e tu, bem, tu estás na merda..."

Se me caíram uma ou outra lagrimita devia ser do sono. E por que eu estava muito triste. Depois lembrava-me que tinha prometido que nunca mais ia chorar por ninguém e ainda me apetecia chorar mais.

Já no trabalho, como não podia chorar, pus-me a odiar. Odiava-me a mim e odiava-o a ele.

" - Puta que pariu, por que é que ando atrás do raio do puto? 'dasse, devia estar num estado jeitoso quando decidi andar atrás dele...  E eu que não queria nada nada com miúdos..."

" - E o que é que o puto queria também? Que eu fosse virgem e vivesse numa redoma de vidro? Eu nem virgem sou de signo, ia sê-lo no resto? Para as urtigas com ele!"

Mas não dá gente, não dá. Ao almoço liguei-lhe duas vezes. Liguei-lhe à tarde. E à terceira, quando ele me atendeu eu já estava assim:

A falar é que a gente se entende. Ao ir-me embora (e a ser observado e escutado por um maluco qualquer) lá coloquei os pontos nos i's e, honestamente, vendo as coisas do ponto de vista dele, eu fui mesmo uma besta.

E, hum, fui mesmo.  Não queria que ele desse importância ao meu passado mas quem lhe conferiu toda a importância que pesou neste afastamento fui mesmo eu e ele limitou-se a seguir o que eu lhe dizia.

O passado fica onde está, para trás. E com ele as coisas são só para a frente.

Tenho medo por ele. Não confiava nele sozinho comigo num canto mais escuro.