#3 AQUI.
Antes que comecem a questionar-se, sim, eu fui mesmo ao hospital à pala deste encontro, e sim, eu estou bem. Mas vamos por partes.
Hoje eu ia tirar a barriga de misérias com o J, caraças.
Eu sabia que a coisa prometia, a seu pedido fui comprar, entre outras coisas:
1) Uma corda
Ri-me para caraças, numa das drogarias pergunta-me o vendedor:
" - É para estender a roupa?"
Quando contei esta ao J, diz-me ele a rir-se:
" - Era mais para te estender a ti, mas com pouca roupa..."
Estava com tanto tesão que comprei logo cinco metros. Tenho corda até ao final do ano.
2) Preservativos
Acreditam que em 26 anos de vida nunca tinha comprado preservativos? Eu, todo contente a pensar que ia conseguir comprar tudo no Froiz, nickles... Tive de ir ao Lidl de propósito comprar preservativos. Aquele olhar (des)suspeito de quem vai comprar preservativos num hipermercado, com toda a gente a ver o que uma pessoa mete no tapete. Lá tentei passar aquilo com uns pacotes de Pringles a ver se colava. Eu acho que colou.
3) Uvas
Por que é que eu fui comprar uvas? Ele disse que achava piada, mas que se eu não levasse não fazia mal. Como eu sou muito boa pessoa comprei um cachinho. Ele comeu-as todas no carro, a caminho do hospital :(
Levei o meu casaco da Oblivion, a t-shirt de alças que me fica mal para burro, e as calças que fazem a minha mãe rir-se durante meia hora. Com os meus óculos de sol recém comprados, fica uma mistura interessante.
Convém também dizer que hoje foi a primeira vez, em 26 anos de vida, que fui rapado. Eu ainda não vi muito bem como é que aquilo está aqui atrás. Ele diz que está um mimo. Do pouco que me conseguiu foder, diz que aquilo entrou mais depressa. A mim dou-me muito mais. Mas já estava com o queixo a parecer as bolsinhas de sangue dos hospitais.
" - Mas Logan " - perguntam vocês - " - ele bateu- te assim tanto para sangrares?"
Acontece, minha gente, que, (se não sabem ficam a saber) que até para cair, é preciso saber-se cair. E, numa da suas investidas na cama, eu fui de queixos ao chão. Mal cheguei com os ditos ao pavimento senti logo um baque que não anunciava nada de bom. Mais tarde diz-me ele:
" - Tiveste sorte de não ver a poça de sangue que estava no meio do chão, era enorme..."
O engraçado de tudo isto é que não me doía nada. Mas eu bem reparava no quão empapados vinham os papeis que eu colocava no queixo para tentar estancar a hemorragia.
" - Vamos ver se isso pára, se não parar tenho de te levar ao hospital..."
Ir ao hospital ou estar com um touro na cama? Eu tinha de estar com aquele homem mais um bocadinho. Mas não dava, ou eu estava atento à posição em que ele me queria, ou estava ocupado a tapar o queixo. Ao fim de algum tempo, disse-lhe mesmo que não conseguia concentrar-me. Pedi-lhe desculpa e disse que não dava.
" - Já vi que hoje não vou poder tratar-te mal mas isso não quer dizer que tenha de acabar já, por isso vou ter de te tratar bem..."
E tratou. Em conversa tinha falado que não queria nenhum envolvimento sentimental com ele, por que, embora o respeitasse, era um respeito sem interesses amorosos. E iria custar-me mais fingir afeto por ele do que fingir submissão. Mas no momento uma pessoa não pensa. Aliás, é difícil pensar muito quando se tem um homem daqueles à frente.
Nunca devo ter dado tanto à língua como hoje. E acho que consegui chegar-lhe aos dentes todos. Acredito que não seja o master chef dos beijinhos mas acho que hoje passou.
Mas, o tempo estava a esgotar-se, e as minhas hipóteses de ir ao hospital também. Por isso lá fomos à nossa vida.
Não sem antes eu receber (visto ser o meu iogurte favorito) mais uma carga vitalícia de "A Leiteira"
E, até em mim, que tenho uma testa grande, ele conseguiu a proeza de me encher o cabelo de leite. O cabelo! Será que aquilo faz bem à caspa? É que pelo menos a parte da frente do meu cabelo ficava livre dela por algum tempo...
" - Mas Logan, tu não vais ao hospital?"
Fomos pois. Não sem antes eu inventar a peta mais credível da história das petas, que tinha caído na Universidade (visto ter colocado uma foto lá no Facebook, pouco antes de ir ter com o J, o alibi ideal), e que tinha batido com o queixo mas que apenas tinha reparado que estava a sangrar pouco tempo depois. A mãe acreditou, não stressou e o J levou-me até ao hospital.
Já no hospital, demorei menos do que esperava, também devia ter um ar de coitadinho de tal forma que me atenderam em menos de meia hora.
Levei uns quantos pontos (nem sei quantos) e ia para casa todo contente se o J não me tivesse perguntado se eu me importava de ir com ele tomar café.
" - Claro que não podes tomar café mas podes sempre comer um gelado..."
" - Obrigado mas já comi do teu mini milk..."
Com saídas destas o fato de ele continuar a andar comigo até Fernandes Tomaz quer dizer alguma coisa!!!
Diz ele que, quando vier de férias e eu estiver melhor, agendámos outra sessão. Eu digo que, pelo sim pelo não, vou ver se encontro um motel mais pertinho do hospital. Só por precaução.