Esta é uma altura em que eu devia morder a língua, e repetir mil e uma vezes o dizer de " nunca digas desta água não beberei". Estou eu há três dias a falar dele em "O Complexo Da Velhice" para no dia seguinte combinar sairmos e hoje, voilá,o nosso, vá, terceiro encontro [o segundo foi no meu local de trabalho, nem devia contar]. God, estava a ver que ia acabar o ano sem novidades, brindemos a isso.
Estávamos com longos casacos pretos a condizer e tudo, how cute is that?
Vamos todos parar um bocado para reflectir no facto de eu não fazer a mínima ideia de qual era o nome dele, varreu-se-me completamente, até que ele o utilizou num exemplo hipotético e eu aproveitei a deixa, para não me voltar a esquecer!
Lembrou-se de me mostrar uma foto sua numa corrida qualquer e ia tendo uma epifania, parecia-se com um Professor de Cultura Clássica que tive na Universidade.
E isso não foi nada bom de se dizer, diga-se de passagem por que esse Professor era feio até dizer chega e este meu amigo, bem, you know...
Soube que ele, afinal, consegue ser ainda mais velho do que os meus pais, ok, não é que me incomode, só é um bocadinho, hum, creepy...
Enquanto estávamos a tomar café, a falar sobre livros e afins, dizia-lhe eu que andava com muita dificuldade em encontrar "Os Miseráveis" de Vitor Hugo à venda, ou não encontrava ou encontrava a preços exorbitantes. Nisto, ele levanta-se de rompante e diz-me, com ar de poucos amigos "Anda, despacha-te!".
" Olha fizeste uma bela cagada, ainda não se passou meia-hora e o homem já se quer ir embora!" - pensei eu... Isto por que entre os nossos múltiplos temas de conversa já tinhámos falado umas três vezes de eu ter de ir comprar salmão ao Pingo Doce e eu já tinha medo de ter dito mil e uma porcarias para afugentar aquele homem...
" - Vamos a minha casa num instante antes de eu ir trabalhar, eu tenho lá o livro e empresto-to..." - foram estas as palavras que saíram da boca dele.
Sei que a maioria das pessoas fica sempre de pé atrás, mas vá ele não me ia fazer mal nenhum, não me ia comer nada que nunca me tivessem comido... Plus, eu já saí com um talhante do Pingo Doce, que me podia ter todo um sortido de facas na cozinha e saí de lá vivo! [o pior encontro da minha vida, e chega!] .
Já em casa dele, vira e revira, livro de grilo...
Eu: " - Que pena, ia usar a desculpa de te entregar o livro para te ver outra vez mas parece que já não vai dar..."
" - Não te preocupes que a gente vê-se antes do fim-do-ano".
" - Olha que eu faço anos logo no início do ano, por isso é bom que estejas a falar a sério!"
Enquanto íamos embora, de volta ao metro, ele continuava na insistência de trautear o "I'm A Baby Girl" dos Aqua, mais para me arreliar do que por outra razão então eu decidi ensinar-lhe a versão da Kelly Key. Para maluco, maluco e meio.
" - Não te preocupes com o facto de eu poder vir a bater-te à porta a meio da noite um dia destes, é que eu não faço a mínima ideia de onde estou!" - confessara-lhe eu minutos antes de lhe ensinar a música. Eu sabia em que zona da cidade estava, mas nunca tinha andado por onde a gente andou... Com tiradas destas não admira que eu ainda continue solteiro... God...
No metro, demos de caras, na outra carruagem, com um colega do meu trabalho, acenei-lhe apenas. Espero que ele não vá dar com a língua nos dentes, não sem antes passar uma vergonhosa aula de Francês com ele. Por duas ou três vezes apeteceu-me espancá-lo, não no sentido porco da coisa, se é que me entendem...
No final, ficou a promessa de nos voltarmos a ver antes do fim do ano, já nos falámos outra vez hoje, pode não ser o Hugh Jackman mas interessa-me mais do que pela simples parte física. E isso hoje em dia, é um achado. Plus, não tem pressa de me levar para a cama, não sei se isso é bom ou mau. Deve ser bom, não?
Off now...