Não é meu costume fazer balanços até por que na maioria das vezes é raro recordar-me de tudo aquilo que deveria mencionar [acabando por mencionar coisas que deveria já ter esquecido]. No entanto 2012 foi um ano de algumas mudanças e acho por bem fazer um apanhado de algumas delas.
A minha mãe venceu um tumor. Um tumor que lhe fora diagnosticado já em 2011 e operado logo nos finais de Janeiro. Após meio ano de quimioterapia [embora já tivesse sido submetida a sessões de quimio e radioterapia antes da operação] está [para já] livre de qualquer perigo. Não me lembro de ter falado disto aqui mas mais vale tarde do que nunca. Sempre tivera, mas mais do que nunca, depois de tudo o que ela passou durante todo o processo tenho razões para dizer que tenho MUITO orgulho na minha mãe. Quando soube o problema que tinha [um tumor maligno] a primeira preocupação dela fui eu e a minha irmã. A minha mãe tinha medo de morrer e de nos deixar, de não nos poder ver crescer [mais à minha irmã que tem apenas 11 anos]. Quando soube o problema que tinha, chorou. Quando soube que após a operação teria de ser submetida a mais meio ano de tratamentos, chorou. Mas acreditem, durante todo este tempo, eu nunca vi a minha mãe chorar. Nunca nos deu razões para temermos pela saúde dela. Apesar de ter ficado ostomizada para toda a vida encarou isso como um mal menor quando comparado à possibilidade de não nos ver mais.
Tive a minha primeira experiência no mundo do trabalho enquanto operador de call-center. Mais uma brincadeira do que uma experiência séria. O que ganhei mal deu para aquilo que gastei de transportes para ir trabalhar, mas aprendi o quão difícil é ter de se ir trabalhar todos os dias para um emprego de que não se gosta. Por isso espero poder encontrar uma profissão [não um emprego] na qual me realize enquanto pessoa e que me faça sentir feliz de acordar todas as manhãs para ir trabalhar. Aprendi também que há muita gente a aproveitar-se de quem trabalha e que cada vez mais se verá isto neste País. Empregos por objectivos ou comissões vieram para ficar e espero que alguém ponha um entrave nesta forma precária de trabalho.
Licenciei-me. Hoje em dia uma licenciatura não nos dá certezas de um trabalho, mas mesmo assim é um marco na vida de alguém. Ainda para mais quando estive na corda-bamba até ao último minuto para saber se acabaria licenciado ou se teria de esperar mais um ano. Não existiria mais uma hipótese, tinha ficado mais um ano a acabar cadeiras atrasadas e era agora ou nunca. Graças a Deus passei e orgulho-me de ter acabado este ciclo de estudos a que me tinha candidatado em 2008.
Fui admitido enquanto aluno do segundo ciclo no Mestrado em Estudos Medievais. Estudar um assunto sobre o qual sempre gostei de aprender mais e que gostaria de aprofundar foi muito bom mas percebi que não sabia tanto do assunto quanto pensava e que iria exigir de mim bem mais do que aquilo que tinha dado de mim mesmo nos quatro anos anteriores. No entanto por razões económicas tive de abandonar os estudos ao fim de um mês de aulas. Sempre ouvira notícias de alunos que desistiam dos seus estudos por não terem como paga-los, no entanto como muita gente apenas acreditava que coisas dessas só acontecem aos outros. Aconteceu-me a mim e vi o quão desanimador foi para os meus pais terem de tomar essa decisão. Mas não os censuro.
Aprendi a não forçar relacionamentos. Aliás aprendi a não me preocupar com os mesmos. Encontrei-me com várias pessoas que tinham no âmago dos seus interesses o teor sexual e o mais curioso é que de todas elas, a única com a qual ainda mantenho contacto, foi a que não me despertou qualquer tipo de desejo mas que soube encarar isso como um ponto a seu favor, brincando com a situação e nunca me fazer sentir mal por termos decidido não avançar por um caminho onde ambos sairíamos magoados.
Delimitei a minha linha de contactos ao extremo. Percebi que de nada adianta ser-se [ou tentar ser] amigo de toda a gente. Hoje contam-se pelos dedos as pessoas quem chamo de "amigos" e isso ao invés de me entristecer deixa-me feliz. Por que foram essas pessoas que estiveram comigo durante todo o ano [e outras durante anos anteriores] e não faria sentido procurar coisas melhores quando já se tem o que de melhor há e se tem consciência disso.
Voltei a ouvir estilos musicais que tinha negligenciado durante algum tempo. Hoje tenho um gosto mais diversificado embora incorpore muitos artistas dos quais me deveria envergonhar, mas esta vida é demasiado pequena para nos preocuparmos com esse tipo de coisas e como se diz por aí, os gostos não se discutem, apreciam-se.
Voltei a ouvir estilos musicais que tinha negligenciado durante algum tempo. Hoje tenho um gosto mais diversificado embora incorpore muitos artistas dos quais me deveria envergonhar, mas esta vida é demasiado pequena para nos preocuparmos com esse tipo de coisas e como se diz por aí, os gostos não se discutem, apreciam-se.
Foi também um ano de mudanças no blogue. Tanto a nível do que escrevo como da forma como o faço. Sou uma pessoa ora divertida ora meditativa e quero que conheçam todos os meus lados. Partilhei também alguns trabalhos meus após ter apanhado novamente o bichinho da escrita. Dei a conhecer aqui aquilo que ouço, dando opiniões mais elaboradas nas reviews que escrevi ao longo do ano. Espero ter suscitado a curiosidade em algumas delas a ponto de ter feito alguém ouvir os álbuns. Em suma, o blogue ficou mais diversificado e para melhor, espero eu. Reflexo disso ou não, ganhei mais seguidores aos quais desde já agradeço todas as visualizações, todos os comentários e espero honestamente contar convosco para o ano que aí vem.
Porém acabo este ano desiludido. Por que pela primeira vez na vida não tenho um futuro em vista. Pode ser daqui a um mês, dois meses, três meses, não sei. E essa dúvida assombra a passagem para um ano que ninguém espera ser fácil mas que eu espero, honestamente, que me traga uma ocupação da qual me orgulhe e que me faça sentir realizado tanto pessoal como profissionalmente.
Mas tristezas não pagam dívidas e resta-me desejar-vos uma óptima entrada em 2013 e que sejam tão ou mais felizes como foram durante este ano que agora acaba.
Logan