AVISO: CONTEM SPOILERS (duh)
Há algumas semanas comentei o facto de ter começado a ver a série que anda(va) nas bocas do mundo. Verdade seja dita que, em menos de uma semana, vi os episódios todos e fiquei com "mixed feelings", embora o saldo final tenha sido positivo.
Em termos estruturais as personagens eram demasiado "one-sided", embora cada uma delas tivesse os seus podres e fizesse por escondê-los, a verdade é que, pelo menos para mim, não existia uma única a quem eu conseguisse dar o beneficio da dúvida, até por que, a determinado ponto, todas (ou quase todas) as acções parecem ser tomadas em detrimento do material exposto nas cassetes.
As cassetes, as malditas cassetes.... O buzz que se cria em redor delas é alarmantes. No bom sentido. A tensão é quase total. Como é que há tanta gente que tem tanto a esconder num meio tão pequeno?
O material em algumas delas acaba por soar demasiado pueril para ser levado a sério (a "lista") mas a junção de tudo aquilo leva a um suicídio que muitos não entendem/querem entender. ´
Não me recordo em qual das cassetes Hannah decide, após ser violada, que irá "dar mais uma oportunidade à vida" mesmo depois de ter equacionado a própria morte. Nesse mesmo dia, horas depois, devido a um descuido, perde o fundo poupança destinado a pagar-lhe a Universidade...
Como disse, muito poucos ou nenhuns entenderam os motivos para que ela tivesse feito o que fez, assim como muitos desvalorizaram os motivos por ela explanados nas cassetes. Para alguém que já esteve perto da fossa (não tão dramaticamente, mas mesmo assim, lá perto) é doloroso ver alguém com uma tão afamada sorte, juntar mais uma desgraça ao cardápio. Era desgraça atrás de desgraça e ninguém se apercebia. Ninguém a não ser ela.
A cena do suicídio faz o que é suposto fazer, chocar. Mas mais chocante ainda é a descoberta do corpo pela mãe, rodeada por um mar de sangue, diluído na água de uma banheira que não pára de transbordar.
A pecar ficaram muitos dos diálogos e cenas a apelar ao dramatismo juvenil, demasiado inverossímeis para provocarem o efeito pretendido.
Em suma, se não viram, vejam. Não é uma masterpiece mas vê-se bem.